terça-feira, 23 de julho de 2013

Parábola das Bodas


"De novo começou Jesus a falar em parábolas, dizendo-lhes; o Reino dos Céus é semelhante a um rei, que celebrou as bodas de seu filho. E enviando os seus servos a chamar os convidados para a festa, e estes não quiseram vir. Enviou ainda outros servos com este recado: Dizei aos convidados: Tenho já preparado o meu banquete; as minhas reses e os meus cevados estão mortos, e tudo está pronto; vinde às bodas. Mas eles não fizeram caso e foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio; e os outros agarrando os servos os ultrajaram e mataram. Mas irou-se o rei, e mandou as suas tropas exterminar aqueles assassinos e incendiar a sua cidade. Então disse aos servos: As bodas estão preparadas, mas os convidados não eram dignos; ide, pois, às encruzilhadas dos caminhos, e chamai para as bodas a quantos encontrardes. Indo aqueles servos pelos caminhos, reuniram todos os que  encontraram, maus e bons; e a sala nupcial ficou cheia de convivas. Mas, entretanto o rei para ver os convivas, notou ali um homem que não trajava veste nupcial e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? Ele, porém, emudeceu. Então o rei disse aos servos: atai-o de pés, e mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos". (Mt, XXII, 1-14.)

O sentido da parábola é este: - Caibar Schutel - livro Parábolas e Ensinos de Jesus 


O Cristianismo, como o Espiritismo, representa a celebração das bodas de um grande e rico proprietário, cujo pai não poupa trabalho, sacrifício e dinheiro para dar à festa o maior realce e dela fazendo participar o maior número possível de convivas. E para que todos se fartem, se satisfaçam e se alegrem, o senhor das bodas apresenta-lhes lauta mesa com variadas iguarias, não faltando música e discursos que exaltam o sentimento e a inteligência.
As iguarias apresentam os ensinos espirituais; assim como aquelas satisfazem e fortalecem o corpo, estes mantêm e vivificam o Espírito.
A Parábola das Bodas é uma alegoria, uma comparação do que se verificava naquela época com o próprio Jesus Cristo. 
Os primeiros convidados foram os doutos, os ricos, os sábios, os aristocratas, os sacerdotes, porque ninguém melhor do que estes estavam em condições de participar das bodas, e fazer-se representar naquela festa soleníssima para a qual o Rei dos Céus, sem medir nem pesar sacrifícios, havia mandado à Terra o seu filho, de quem queria celebrar condignamente as bodas.
E quem poderia melhor apreciar Jesus Cristo e compartilhar de suas bodas, admirando a grande sabedoria do Mestre, seja na cura dos enfermos, seja nos prodigiosos fenômenos de materialização e desmaterialização por ele operados, como a multiplicação dos pães e dos peixes, a manifestação do Tabor, a dominação dos elementos e suas sucessivas aparições depois da morte?
Quem estava mais apto para compreender o Sermão do Monte, o Sermão Profético, o Sermão da Ceia, seus ensinos, suas parábolas, senão os doutores, os rabinos, os sacerdotes?
Seriam os pescadores, os carpinteiros, os roceiros, as mulheres incultas?
Infelizmente, porém, o que aconteceu ontem é o que acontece hoje: esta gente, toda ela se dá por excusada: uns porque têm de tratar do seu campo, outros do seu negócio; outros ainda há, como acontece com o sacerdócio romano e protestante, que agarram os servos encarregados do convite, ultrajam-nos, e, se os não matam, é porque temem o Código Penal, que vigora na época nova em que nos achamos.
Que fará o Senhor desta gente que não quer ouvir o seu chamamento, nem aquiescer aos seus reiterados convites?
Quem é o culpado, ou quem são os culpados de estarem, atualmente, festejando a bodas indivíduos sem competência nenhuma para a execução dessa tarefa?
Quais são os responsáveis por haverem tomado lugar na mesa do banquete até pessoas sem o traje nupcial, sem a veste apropriada para tal  cerimônia?
Leiam a Parábola da Bodas os senhores padres, os senhores doutores, os senhores ministros, os senhores que andam transviando seus ouvintes e ledores com uma ciência sem base e uma religião toda material, sem provas, sem fatos, sem raciocínio! Digam: quem tem a culpa da decadência moral, da depressão da inteligência e do sentimento que se verifica em toda parte?!
Se a Parábola das Bodas não tivesse sido proferida para as eminências religiosas e científicas do tempo de Jesus, serviria perfeitamente para as de hoje, que repudiam e combatem o Espiritismo.
Entretanto, o fato é que os indoutos, os pequenos, os humildes de hoje, como os indoutos e humildes de ontem, estão levando de vencida toda essa plêiade de sábios e portentosos; e mesmo sem letras, sem representação e sem veste, auxiliados pelos poderes do Alto, estão concorrendo eficazmente para que as bodas sejam bem festejadas e concorridas!

A VESTE NUPCIAL
Era costume antigo, aliás, como hoje ainda é, usar para cada ato, ou cada cerimônia, uma roupa de acordo com o ato ou a cerimônia a que se vai assistir.
O preconceito de todos os tempos tem determinado o vestuário a ser usado em certas e determinadas ocasiões. É assim que não se vai a um enterro com uma roupa clara, como não se vai a um casamento com um terno de brim.
Aproveitando essas exigências sociais, muito preconizadas pelos escribas e fariseus, e mormente pelos doutores da lei e sacerdotes, Jesus, ao propor a Parábola da Bodas, deu a entender que, o comparecimento e essas reuniões, fazia-se mister uma túnica nupcial; e aquele que não estivesse revestido desta roupagem, seria posto fora e lançado às trevas, onde haveria choro e ranger de dentes, naturalmente por haverem esbanjado tanto dinheiro em coisas de nenhum valor, de preferência à "túnica de núpcias", bem assim por terem perdido o tempo em coisas inúteis, em vez de tecerem, como deveriam, a túnica para comparecer às bodas.
A veste de núpcias simboliza o amor, a humildade, a boa vontade em encontrar a verdade para observá-la ou seja, a pureza das intenções, a virgindade espiritual!
O interesseiro, o mercador, o astuto, o tartufo que, embora convidado a tomar parte na bodas, está sem a túnica, não pode ali permanecer: será lançado fora, assim como será posto à margem o convidado a um casamento a tomar parte nas bodas, está sem a túnica, não pode ali permanecer: será lançado fora, assim como será posto à margem o convidado a um casamento ou a uma cerimônia que não se traje de acordo com o ato a que vai assistir.
Há bem pouco tempo, vimos, por ocasião de um júri numa cidade vizinha, o juiz convidar um jurado "para se compor"só pelo fato de achar-se o mesmo com uma roupa de brim claro. O jurado foi posto fora, visto não estar revestido com a "veste de juízo".

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Como esteja o Evangelho disseminado em todos os meios sociais ( o que aliás constitui um dos sinais frisantes do "fim do mundo"), só mesmo os homens de má vontade, os orgulhosos,enfatuados e de espírito preconcebido ignoram seus deveres de humildade, para a recepção da palavra divina.
A estes não garantimos êxito feliz quando comparecem ao banquete de espiritualidade, que se está realizando no mundo todo, no consórcio do Céu com a Terra, dos vivos com os mortos, para o triunfo da imortalidade.
Dar-se-á, sem dúvida, com esses turiferários do ouro e turibulários, o que disse Isaías em sua profecia: "Ouvirão e de nenhum modo entenderão; verão e de nenhum modo perceberão".
Justamente o contrário auguramos a todos ao que, "fazendo-se crianças", quiseram achar a verdade para abracá-la, e tenham o firme propósito de o fazer, esteja ela com quem estiver e onde estiver.
Tal é a lição alegórica da Bodas e da Veste de Núpcias.

Extraído do livro Parábolas e Ensinos de Jesus - Caibar Schutel

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OUTRA EXPLICAÇÃO - Eliseu Rigonatti -Livro Evangelho dos Humildes

O rei é Deus. As bodas do filho são a chegada do Evangelho à terra. Os servos são os apóstolos e os demais missionários, que se encarnaram na terra, para ensinarem as leis divinas. Os primeiros convidados são o povo hebreu, que já estava preparado para compreender as novas lições. Mas este povo repeliu o Mestre, e para o seio do Evangelho foram chamados todos os povos da terra. Porém, não basta apenas ser chamado para que se entre no reino dos Céus; é preciso revestir-se da veste nupcial. A veste nupcial simboliza a nova vida, que deve ser vivida de acordo com os preceitos de Jesus; torna-se necessário abandonar as antigas paixões, que eram senhoras da alma. Querer penetrar no reino dos céus, sem primeiro abjurar de todo o mal e reformar-se completamente para o bem, não é possível. E como são poucos os que se reformam segundo o Evangelho, poucos são os escolhidos, embora o Evangelho seja pregado a um grande número.


Aplicando-se esta parábola ao Espiritismo, vemos que os primeiros chamados para o seio dele foram os sábios e pessoas esclarecidas, porque lhes seria mais fácil compreenderem os fenômenos. Depois de intermináveis discussões a ciência repeliu o Espiritismo, e vimos então que ele se espalhou por todas as classes sociais, realizando o “muitos são os chamados”. Mas como o Espiritismo oferece a todos uma clara compreensão das leis divinas, é de esperar-se que muitos serão os escolhidos. 


VESTE NUPCIAL - Edgard Armond - Livro O REDENTOR

O Senhor enviou  seu filho à Terra, para que se fizesse a confratenização dos homens, e todos foram convidados a tão divina realização, tendo sido o Evangelho pregado por toda parte. Mas os homens bem aquinhoados de recursos, não o receberam, nem lhe deram atenção, continuando a viver de suas ambições e interesses materiais e alguns deles, utilizando-se de sua ambições e interesses materiais e alguns deles, utilizando-se dos poderes de que dispunham, perseguiram a mataram os arautos da Boa Nova.

A mensagem foi tão transmitida ao povo humilde, entre bons e maus, pacíficos e violentos, acomodados e rebeldes, e muitos dela se beneficiaram, em magníficas demonstração de fé e desprendimento, Muitos foram os chamados, mas poucos os escolhidos.

O banquete de início oferecido a todos, e ao qual muitos não compareceram, significa a comunhão dos que foram iniciados nas verdades eternas e a estes é que foi entregue a veste nupcial; e o estranho que lá penetrou clandestinamente, é o agente do mal que tenta solapar a obra grandiosa de evangelização do mundo.

Nota- A significação desta parábola é quase a mesma a que se referem os títulos: "Convite desprezados"e "As bodas".

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