domingo, 14 de fevereiro de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 1 CAP 15

(utilize o site ifevale.org.br) 
DESCARTES - O RACIONALISMO – AS RES
 
BIBLIOGRAFIA 
O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA ANTIGUIDADE – Huberto Rodhen – Edit Alvorada   
OS FILÓSOFOS – Herculano Pires – Edições FEESP   
NOÇÕES DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Manuel P São Marcos - Ed FEESP   
O MUNDO DE SOFIA – Jostein Gaarder – Edit. Cia. Das Letras   
 DISCURSO DO MÉTODO –  René Descartes - Edit. Martin Claret 
SITES  www.mundodosfilosofos.com.br/descartes.htm  www.espirito.org.br/cartesianismo.html  

REFLEXÃO 
DO CETICISMO A CERTEZA  Estamos perdidos numa floresta. Ela representa as informações, as leis, os tabus, os preconceitos, o bom e o mau conhecimento. Enfim, estamos mergulhados num mundo de ideias. Dizia Descartes: “devemos duvidar de tudo”. Ele estabelece como falso tudo o que contiver a menor parcela de incerteza. Entretanto, não devemos parar diante deste mundo como faz o cético. Vamos em frente, prossigamos na linha de raciocínio. O fato de eu duvidar leva-me a concluir que sou um duvidador, que estou pensando. Se penso, sou um ser pensante ou um espírito. A alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do meu corpo. Mesmo que este corpo não existisse, a alma não deixaria de ser o que é.  

TEMA 
 (Extremos) “Duvidar de tudo ou crer em tudo são duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam, ambas, de refletir”.
 
1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA 
 O objetivo desta aula é mostrar o inicio da Filosofia Moderna centrada na figura de Descartes. A partir dele há o retorno efetivo da Filosofia, deixando de estar subordinada a teologia dita cristã.  É um período de reconstrução da Filosofia, tendo-a novamente livre para a busca da Verdade sem estar atrelada e subordinada às verdades teologais.
 
2ª PARTE: INTRODUÇÃO 
 Começa-se a libertação das amarras da Igreja. A Ciência dá os primeiros sinais de vida com Galileu e a Filosofia segue de perto retomando o curso dados pelos gregos há mais de 1500 anos antes. Com a Escolástica em decadência e com o surgimento de uma nova teoria do conhecimento
assentada de um lado sobre os racionalistas e de outro sobre os empiristas começa o período que designamos por período moderno que se estende até o século XIX.  As características marcantes desta época são: a passagem do feudalismo para o capitalismo – a forte centralização do poder nas mãos dos reis, o absolutismo – o mercantilismo – a reforma religiosa – o surgimento da imprensa – o aparecimento e desenvolvimento dos métodos científicos.
 
3ª PARTE:   BIOGRAFIA   
Descartes nasceu em La Haye- região da Tourainne – França em 1596. Seu pai foi um alto funcionário do governo e a mãe morre de tuberculose dias após o seu nascimento. Passa a ser criado pelas tias sendo extremamente mimado tanto que o pai trata de “meu filosofozinho”.  Herda da mãe sua débil saúde e o acompanha um constante problema pulmonar. Aos oito anos entra para o colégio jesuíta de La Fleche (1604 a 1613). Prossegue seus estudos e concluindo o curso de Direito na Universidade de Poitiers. Estuda esgrima e escreve um livro (desaparecido) sobre o assunto. Decide correr o mundo por meio de uma breve carreira militar, na Holanda (sob comando de Mauricio de Nassau), Alemanha e Hungria. Deixa a vida militar e passa a se dedicar aos seus estudos e escritos fixando-se a partir de 1626 (aos 33 anos) na Holanda. Não se casa, mas tem uma filha a qual ele muito ama, entretanto morre cedo e por consequência se afasta do mundo se isolando de todos. Em 1649 vai a Suécia apos incessantes convites da rainha Cristina para ensinar Filosofia. Là, não suportando o clima hostil da região falece em 1650 de pneumonia.  

4ª PARTE: ALUCINAÇÕES E VISÕES  
 Durante o seu “período militar” faz um retiro de livre e espontânea vontade no inverno de 1619. Aluga um quarto a beira do rio Reno e fica meses em sua “estufa”. Nessa época ele sofre de fortes alucinações e diz ter visões.  ...“nesse ano fui visitado por um sonho que veio de cima... ouvi o estrondo de um trovão... era o Espírito de Verdade que descia para assenhorear-se de mim...”. Disse ter tido sonhos e visões e viu uma grande luz seguindo-se os dizeres de ele ser o responsável pelo projeto de uma ciência admirável.  

5ª PARTE: OBRAS ESCRITAS E EDITADAS 
 Suas principais obras foram: - Regras Para a Direção do Espírito (trabalhado desde 1626 e editado em 1628) - Discurso do Método (publicada em 1637) - Meditações Metafísicas (obra foi trabalhada de 1626 a 1637 e publicada em 1641) - Tratado do Mundo e da Luz - Dióptrica, os Meteoros e a Geometria. - Princípios da Filosofia (publicado em 1644) - As Paixões da Alma
  
6ª PARTE: O MÉTODO DE DESCARTES   O Discurso do Método é dividido em 6 partes. Na 2ª parte ele discorre sobre o seu método      (caminho) filosófico. As Ciências Naturais (Física) através de Galileu, Copérnico e outros já haviam estabelecido o método científico (medições, cálculos, demonstrações, etc). Descartes quer estabelecer um método universal englobando a Filosofia inspirada no rigor matemático e suas longas cadeias de razão. O caminho por ele criado divide o processo em 4 célebres regras:
1- a Evidencia – não admitir nenhuma coisa com verdadeira se não a reconheço evidentemente com tal. Evite precipitação assim como a prevenção
2- a Análise – dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis (fragmentar o problema – dividir para vencer).  É a regra da Análise
3- a Síntese – concluir seguindo a ordem dos pensamentos começando pelos mais simples e fáceis passando em seguida aos mais complexos (ex. prova de muitas questões). Recompor a totalidade subindo como que por degraus. É a Regra da Síntese.
 4- A Verificação da existência de omissões – fazer para cada passagem numerações para em seguida rever o todo tendo certeza de que nada omitiu ou esqueceu.
 
7ª PARTE: A FILOSOFIA DE DESCARTES – AS RES   Descartes foi o fundador da Filosofia dos novos tempos e a ele se seguiram, Espinosa, Leibniz, Berkeley, Hume, Kant e outros. Ultrapassado o período teológico, a Filosofia tenta reacomodar os novos pensamentos filosóficos deixando para trás uma Escolástica em decadência.  O que primeiro Descartes se preocupou foi saber se nossos conhecimentos eram realmente seguros, pois desde seus tempos de La Fleche ele já duvidava do que aprendia. A Razão é o único instrumento capaz de nos levar a um conhecimento seguro, pois os sentidos não nos são confiáveis (ex.: céu estrelado – o que vemos já não existe ou não se encontra naquele lugar). Platão também afirmava, assim como Descartes (e Pitágoras) que a matemática e as relações matemáticas nos levam a um conhecimento mais seguro. Assim, a Filosofia duvida de tudo. A única certeza que Descartes tinha é que ele duvidava de tudo. Se ele duvidava, significa que pensava e se pensava ele era um ser pensante. Concluiu: penso, logo existo (cogito, ergo sum). Descartes assume que esse eu pensante é mais real que o mundo físico que percebemos através dos sentidos. Eis a Res Cogitans (a Coisa Pensante). Descartes entende que o pensamento é a alma.  Prosseguindo o raciocínio: o pensamento conhece a si mesmo e sabe que é imperfeito, entretanto abriga uma idéia de perfeição que não se encontra nele mesmo. Essa ideia é a do Ser Supremo (a Res Infinita) que tem de existir como fundamento do ser pensante. Assim ele afirma com respaldo da Razão que: existimos, deus existe e que o Mundo existe. Eis o Dualismo da existência. Existem naturalmente dois mundos justapostos, coexistindo: um do pensamento e outro o material (a Res Cogitans e a Res Extensa).
 
8ª PARTE: A METAFÍSICA DE DESCARTES 
 Para bem compreender a sua metafísica é necessário ler As Meditações Metafísicas de sua autoria. Descartes busca também a relação entre o Corpo e a Alma. Esta é a preocupação da Filosofia nos próximos 150 anos. Até o séc XVII a alma tinha sido concebida como um “Espírito Vital” presente em todos os seres vivos. O sentido de “alma” e “espírito” também era o de “um sopro de vida” a “pneuma”. Aristóteles considerava a alma algo que existe em todo o organismo, a ele preso como um “princípio vital” sendo impossível concebe-lo fora do corpo. Somente com Descartes ocorre o Dualismo, ou seja, uma separação radical entre Corpo e Alma como constituída de substancia bem distintas e independentes. A sua metafísica nos remete aos seguintes pontos importantes: 1- a existência de uma alma 2- a alma e o corpo como duas substancias distintas e independentes 3- a existência de Deus através de uma prova intuitiva 4- a existência de um mundo físico e totalmente quantitativo
  
9ª PARTE: O LADO CIENTÍFICO DE DESCARTES – O CARTESIANISMO 
 As contribuições científicas de Descartes foram muitas das quais destacamos: a Geometria Analítica (coordenadas Cartesianas) que vem a ser a “matematização” da geometria (equações de retas, de planos, de círculos e das mais variadas figuras conhecidas até então como também as novas figuras geométricas) e na Física: as leis da reflexão/refração (ângulo de incidência = ângulo de reflexão, lei dos senos na refração). E o princípio do determinismo científico (lei da causa e do efeito).  Da filosofia cartesiana surgiu o Cartesianismo como sendo o movimento propagado principalmente por seus discípulos: Malebranche (o espiritualismo racional) e Leibniz (filosofia científica) e Espinosa (o panteísmo). O “cogito” de Descartes, seu idealismo de método, seu realismo em Física, seu mecanicismo e seu racionalismo foram os fundamentos da filosofia moderna.
 
10ª PARTE: A INFLUÊNCIA DE DESCARTES EM KARDEC 
 O método cartesiano pode ser vislumbrado nas entrelinhas da Doutrina Espírita. Allan Kardec em várias passagens da codificação fala-nos que devemos colocar tudo sob o crivo da razão; que é preferível rejeitar nove verdades do que aceitar uma única falsidade como sendo verdade. Da mesma forma se refere à fé. Antes de a termos, rejeitar tudo o que fere a lógica e a razão, assim podemos citar: fé inabalável é somente aquela que consegue enfrentar a Razão face a face em qualquer época da humanidade.  

11ª PARTE: CONCLUSÃO 
 Ressurge a Filosofia com sua força total acordando de um longo período de subordinação a uma dita verdade pré-estabelecida.  Descartes tem um papel fundamental nessa transição comparável a Sócrates. Agora essa nova Filosofia vai caminhar de mãos dadas a Ciência nascente.  
Alan Krambeck 

12ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA 
Próxima aula: 
Livro 1 Capítulo 16 – ESPINOSA - PANTEISMO 
Leitura: 
 OS PENSADORES – Espinosa – Edit. Nova Cultural  HISTÓRIA DA FILOSOFIA – H Padovani / L Castagnola – Ed Melhoramentos – págs. 295 a 301.  

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