domingo, 14 de fevereiro de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 1 – CAP 8

(utilize o site ifevale.org.br) 
PLATÃO – O MUNDO DAS IDEIAS – A REPÚBLICA 

BIBLIOGRAFIA  A HISTÓRIA DA FILOSOFIA E OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS – Alan Krambeck
 NOÇÕES DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Manoel P. São Marcos – Edit FEESP 
PLATÃO – Coleção Os Pensadores – Edit Nova Cultural 
OS FILÓSOFOS – J. Herculano Pires – Edições FEESP 
PENSAMENTO FILOSÓFICO DA ANTIGUIDADE – Huberto Rohden
 VIVENDO A FILOSOFIA – Gabriel Chalita – Atual Editora 
SITES  www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/filosofia/convite-a-filosofia.html  www.mundodosfilosofos.com.br 

REFLEXÃO
HOMEM UNIVERSAL X HOMEM INDIVIDUAL   Nos dois chamados “príncipes da filosofia helênica” culminam duas ideologias perenes da humanidade pensante: a mentalidade dedutivo-sintética-intuitiva de Platão e a concepção indutivo- analítica-intelectiva de Aristóteles. Atenas e Estagira simbolizam dois centros de cristalização sobre a concepção do Universo tão antigo como o próprio gênero humano, que nesses exímios pensadores encontram dois veículos adequados, dois clássicos focos de catalisação filosófica, a ponto de marcarem as duas principais correntes ideológicas da Humanidade até aos nossos dias... Todo eclesiastismo é, consciente ou inconscientemente, aristotélico – todo misticismo é essencialmente platônico. Tomas de Aquino e Francisco de Assis são no século XIII, os dois representantes típicos dessas duas concepções de Deus e do Homem. 

1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA 
 Esta aula tem por objetivo tornar-nos familiar a Platão, seu pensamento, sua filosofia e sua escola. Comentar suas principais obras, principalmente, a Republica. Ver em que consiste o idealismo desse pensador. O Mundo das Ideias, o Mito da Caverna, o amor platônico são temas que num curso de Filosofia não pode deixar de ser estudado.
 
2ª PARTE: INTRODUÇÃO 
 Platão foi um filósofo, educador e homem público. Entretanto, podemos acrescentar que foi um poeta irônico e trágico, e nada deve aos poetas satíricos, cômicos e trágicos. É considerado o maior prosador da língua grega antiga. Sua vasta obra filosófica foi em grande parte elaborada sob a forma de densos diálogos: longas falas, profundos conteúdos, elegantíssimo estilo retórico.  Basicamente a doutrina platônica considera que as coisas materiais são meras aparências sempre se transformando e que não permitem por isso chegar a nenhum conhecimento verdadeiro. 

3ª PARTE: BIOGRAFIA – ORIGENS – DISCÍPULO DE SÓCRATES 
 Considera-se que Platão ocupe uma das mais elevadas posições na filosofia grega. Viveu 80 anos. Foi discípulo de Sócrates (dos 20 aos 30 anos) e foi professor de Aristóteles. Fundou a Academia, uma das principais escolas da Grécia antiga cuja instituição durou aproximadamente 1000 anos (de 385 aC a 529 dC). Platão, cujo nome de nascença era Aristócles, nasceu no seio de uma família aristocrática na cidade de Atenas, num período de grande efervescência e mudanças, em 427 aC. Era o século de
Péricles onde a Grécia vivia seu apogeu. Seus pais eram Aristão e Perizona e seus irmãos: Adimanto, Glauco e Potona. Receberam uma educação esmerada. Foi sobrinho de dois governantes de Atenas. Esses parentes de Platão foram influentes e derrotaram o partido governante. Uma vez provando o poder, de acordo com Platão, tornaram-se ainda mais tiranos do que aqueles a quem substituíram. Platão foi um eterno admirador de seu mestre Sócrates que graças ao discípulo, os ensinos do mestre sobreviveram chegando a nossos dias. Platão foi o principal biógrafo dele. 

4ª PARTE: OS ESCRITOS DE PLATÃO 
 Dos grandes filósofos da antiguidade é Platão o único cujas obras completas chegaram até nós. Os seus numerosos livros escritos em forma de diálogo podem ser divididos em quatro grupos: - as obras da mocidade de Platão (diálogos de Sócrates sobre assuntos diversos). Entre eles: A Apologia de Sócrates – Críton – Íon – Protágoras – Laches – Cármides – República I – Eutífron - os escritos da transição da escola socrática (onde Platão já introduz muito de seus pensamentos) São eles: Górgias – Menon – Eutídemos – Hípias – Crátilo – Menexeno - os livros da maturidade de Platão. Entre eles: O Banquete – Fédon – República II – Fedro - obras dos últimos anos de Platão. São eles: Teeteto – Parmênides – Sofistas – Política – Timeu – Krítias. 

5ª PARTE: O MUNDO DAS IDÉIAS - TEORIA DAS IDEIAS E DAS FORMAS 
 Nesta teoria, Platão postula a existência de um reino de formas perfeitas que seriam eternas, imutáveis e passíveis de serem conhecidas pelo intelecto, do qual o mundo sensível, um mundo de mudanças, conforme Heráclito, um mundo de objetos materiais que seriam uma imitação daquele, portanto, ilusório. Os termos gregos são: Idea e eidos ambos relacionados com o verbo idein significando ver. A Ideia de uma coisa pode ser a ideia geral da classe a que essa coisa pertence. Exemplo: Manuel, João e Pedro são ideias particulares da ideia geral chamada homem.  Atrás dos fenômenos e das coisas particulares que impressionam os nossos sentidos, ficam as generalizações, a regularidade e a direção a evoluir não percebidas como sensações mas concebidas pela razão e pelo pensamento. Estas ideias e leis são permanentes enquanto as coisas particulares são efêmeras e passageiras. Assim, o homem é permanente e Manuel, João e Pedro são passageiros. Ao desenhar manualmente um circulo, ele é a ilusão de um circulo perfeito formado em nossa imaginação. Nossos antepassados já lidavam com o circulo e sequer viram o circulo que desenhamos. A ideia geral de circulo é o real e perdura eternamente.  Existe, concluindo, um mundo de coisas perceptíveis pelos sentidos que é o mundo sensível, efêmero, passageiro e ilusório. E existe o mundo das ideias, de leis, que existem desde sempre que é o mundo real, o mundo inteligível.   Todo um continente, sólido, populoso e rico pode soçobrar de uma hora para outra como prevê Platão no Timeu quando relata o mito da Atlântida.

6ª PARTE: O PROCESSO DO CONHECIMENTO - A LINHA DIVIDIDA 
 No livro VI de A República nos é oferecida uma ideia dos estágios na aquisição dos conhecimentos. Esse modelo é extremamente rigoroso e culmina num conhecimento da forma de Deus partindo das coisas obscuras e imperfeitas. Os sentidos sofrem ilusões e acreditam que sombras possam ser coisas reais.  O modelo vem a ser uma linha vertical (um segmento de reta) dividida em 4 partes, sendo que os dois primeiros mais baixos representam o mundo visível (o mundo da opinião) e os dois mais altos, o mundo inteligível (o mundo das ciências). O segmento que está mais baixo representa as sombras e reflexos dos objetos. O que vem logo acima é o representativo das coisas naturais ou confeccionadas pela mão do homem. O terceiro segmento ou o mais baixo do mundo inteligível é o representativo da reflexão sobre os objetos do mundo visível. Finalmente o que esta bem acima representa a conclusão das reflexões para descobrir os princípios primeiros sem qualquer recurso do mundo sensível.

 7ª PARTE: O MITO DA CAVERNA 
 Muitas vezes Platão se serviu de mitos para ilustrar seu pensamento. O Mundo das Ideias pode muito bem ser esclarecido pelo Mito da Caverna que será descrito. Vamos imaginar um grupo de pessoas morando numa caverna. Eles estão aí desde sua infância presos por corrente nas pernas e no pescoço de tal forma que não podem mover suas cabeças para trás. Só conseguem ver a parede do fundo da caverna. A luz que lá chega vem de uma fogueira que
fica atrás dos moradores na entrada da caverna pelo lado de fora. Na porta de entrada da caverna tem um muro da altura de um homem. Pessoas que vivem fora da caverna passam pela entrada entre o muro e a fogueira carregando objetos como estatuas de pessoas e animais. Essa situação faz com que surjam na parede do fundo da caverna imagens sombras dessas estatuas se deslocando como se tivessem andando normalmente. Os moradores das cavernas pensariam que os sons escutados seriam daquelas sombras. Num certo instante um dos moradores se solta das correntes e caminha em direção a entrada da caverna. Ofuscado ele ainda não consegue reconhecer as estatuas transportadas, nem seus transportadores. A medida que vai se acostumando a luz, percebe claramente o que esta ocorrendo. Em seguida volta ao interior da caverna agora liberto das correntes. Ainda meio desacostumado com a escuridão começa a falar aos antigos companheiros sobre o que é a realidade. Estes se riem dele e dizem que ele ficou prejudicado com as visões tidas. Esse contexto leva-nos refletir o que representam todos esses personagens e mesmo o papel da fogueira, das sombras e da claridade ofuscante. Tentemos trazer esse contexto e compara-lo com o mundo em que vivemos. Nessa narrativa o mundo exterior da caverna seria o Mundo das Ideias e o mundo interior da caverna seria o Mundo das Aparências.

 8ª PARTE: AS VIAGENS DE PLATÃO 
 Depois da morte de Sócrates, Platão contava com 29 anos, empreendeu com outros discípulos do mestre uma viagem a Mègara onde fez amizade com Euclides, que também pertencia ao grupo socrático. Este fundara uma escola filosófica vinculando socratismo com eleatismo. Em seguida viaja ao sul da Itália (Magna Grécia) onde convive com o pitagórico Árquitas de Tarento. Este famoso matemático e político dá um exemplo vivo de sábio-governante. Ainda na Sicília, conquista a amizade e a confiança de Díon, cunhado do tirano Dionísio. Esta ligação com Díon foi o mais forte laço afetivo da vida de Platão.  Em seguida viaja para Cirene ao norte da África, onde travou contato com o matemático Teodoro, estudioso dos números irracionais. Retorna a Atenas e em 387 aC funda a Academia.  Viaja ainda duas vezes a Sicília a pedido de Díon e Dionísio II na tentativa infrutífera da implantação de sua teoria formulada em A República.

  9ª PARTE: A ACADEMIA 
 A escola filosófica fundada por Platão em 387 aC, a Academia, sobreviveu por quase um milênio. Pode ser considerada a mais antiga universidade que a humanidade conheceu. Chegou ao século VI dC. Costuma-se dividir sua história em Antiga, Média e Nova.   A Antiga Academia, administrada por discípulos de Platão e por reitores fiéis seguidores do mestre, dura até o ano 260 aC. A Média Academia sofre influencia dos métodos aristotélicos até atingir um perfil totalmente cético. Finalmente a Nova Academia, no inicio da era cristã volta aos moldes platônicos com uma nova feição, denominada Neoplatonismo.  Esta nova Academia cerra suas portas definitivamente a mando do imperador Justiniano no século VI, o mesmo que ao comandar o Concílio de Constantinopla em 553 dC extinguiu de vez o conceito reencarnatório da doutrina católica.  Para Platão, como para Bertrand Russel a Matemática é indispensável no conhecimento da Filosofia. Estava tão encravado no espírito de Platão o conhecimento matemático geométrico que mandou imprimir na testeira da porta de sua Academia a dantesca frase: “Aqui não entram os ignorantes da geometria” . 

10ª PARTE: A REPÚBLICA – TEORIA E PRÁTICA 
 Ao contrário de Sócrates, Platão sentia atração pela Política. A República foi o seu trabalho mais famoso, um diálogo no qual Sócrates e os outros discutem a natureza da justiça, sua importância no estado ideal e as qualidades necessárias aos governantes e cidadãos desse mesmo estado. Para os Sofistas, os políticos deviam ter boa retórica. Para Platão só o filósofo pode ser um bom político, pois só o filósofo tem acesso aos valores da justiça e do bem. O fundamento do Estado são as necessidades humanas, o Homem precisa se unir aos outros para satisfazê-las. O Estado deve ter três classes: os trabalhadores, os guerreiros e os magistrados. É dever do Estado regular os casamentos e educar os filhos após a infância. Os menos dotados intelectualmente devem ser trabalhadores. Os mais fortes e ginastas devem ser guerreiros. E o filósofo rei deve governar sobre todos e resolver as coisas com sabedoria.
O governo existe para o bem do homem. (bem espiritual) A falsa política cuida do corpo e dos seus prazeres. O Estado ideal é onde reina o Bem, a Justiça e a Verdade. Bons governos são os do filósofo rei que governa pelas leis. Para Platão, os governos ruins são: a Timocracia – o governo dos ambiciosos; a Oligarquia – o governo dos ricos, ávidos de poder e dinheiro; a Democracia – é o governo turbulento das massas populares; e a Tirania – é o governo de um déspota, corrompido pelas paixões. Duas vezes tentou Platão implantar a Utopia Política na corte de Siracusa do tirano Dionísio. A República é uma consequência do Mundo das Ideias. É a vontade da implantação de um mundo perfeito num mundo imperfeito. Já vimos que a república platônica é o inverso da falsa democracia ateniense, em que prevalecem as paixões e os apetites das almas inferiores. Na República os homens deverão ser educados para o exercício da razão e somente os que mais desenvolverem a alma racional assumirão os postos dirigentes. É a república filosófica, o reino do saber, o domínio luminoso do Bem e da Justiça onde a educação e a política são os meios de salvaguarda da natureza humana em vez de instrumentos de sua corrupção contínua. A República é assim a imagem do homem justo, prudente e operoso, o que vale dizer: do homem sábio, do filósofo.

11ª PARTE: O AMOR PLATÒNICO E O CASAMENTO PLATÒNICO 
 Assim como tudo que tem origem em Platão é utópico, ou seja, apresenta como pano de fundo o mundo ideal, inteligível e perfeito, o amor não podia ficar de fora. A idealização do amor só se encontra no mundo inteligível. O que piora a condição do homem, porem, é que ele sempre imagina que este esta presente e de forma eterna.  Assim é o exemplo do casamento onde os homens sempre imaginam que levarão a vida ideal ao lado do ser amado tanto que é para “até que a morte os separe”. 

12ª PARTE: O HOMEM: CORPO E ALMA 
O ser humano de acordo com Platão é composto de corpo e alma, sendo a alma a parte mais importante e real do indivíduo. Ela seria imortal e eterna, existindo desde sempre no mesmo plano do mundo das Ideias. Desse lugar ela viria para encarnar num corpo constituindo então um homem. A alma, antes de encarnar, conhecia as ideias, pois esteve junto delas. Ao encarnar, entretanto, esse conhecimento seria esquecido e iria sendo recordado através de reminiscências. Ao ver um gato sua alma estaria reconhecendo a ideia de gato. Platão ainda afirmava que a alma é composta de três partes: a racional, localizada na cabeça, a emocional, localizada no peito e a sensual, localizada no abdômen. A racional, o guia da alma, conheceria a verdade e reuniria a inteligência, a moral e a lógica. A emocional conteria es emoções superiores como a honra e a justiça e obedeceria fielmente a parte racional da alma. Finalmente, a sensual, seria a rebelde, e corresponderia aos desejos inferiores, carnais, portanto a parte sensível, de aparências.

13ª PARTE: CONCLUSÃO 
 Platão antecipa o que hoje é fundamento da doutrina espírita, ou seja, a imortalidade da alma. E mais, estabelece o esquecimento na ocasião do encarne. Ele ainda cria a figura do Demiurgo, o grande artesão que criou as almas perfeitas enquanto os deuses menores criaram as coisas materiais. O Demiurgo seria para nós o Creador, o nosso Deus.  Para Platão, o Mundo das Ideias é o Mundo perfeito e imperfeito é o mundo sensível. Faz assim do Mundo das Ideias o mesmo mundo das almas. A Doutrina Espírita trata como sendo o mundo espiritual. Poderíamos, sem muita pretensão, afirmar que Platão seria um precursor das ideias espíritas. 
Alan Krambeck 

14ª PARTE – ASSUNTO E PESQUISAS PARA A PRÓXIMA AULA 
 Próxima aula: Aristóteles   Bibliografia:   A HISTÓRIA DA FILOSOFIA E OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS – Alan Krambeck ARISTÓTELES – Coleção Os Pensadores – Edit Nova Cultural   OS FILÓSOFOS – J Herculano Pires – Edit FEESP

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