domingo, 14 de fevereiro de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 1 – CAP 24


(utilize o site ifevale.org.br)
FILOSOFIA ESPÍRITA –  LEON DENIS – HERCULANO PIRES – MANOEL SÃO MARCOS – ASTRID SAYEGH 

BIBLIOGRAFIA 
PERSONAGENS DO ESPIRITISMO – A. S. Lucena e Paulo A Godoy – Edições FEESP 
REVISTA RIE – Revista Internacional do Espiritismo – Edição março 2008 – ano 93 – nº2 –  Entrevista de Astrid Sayegh a Julia Nezu
 
REFLEXÃO 
SERIA A FILOSOFIA ESPÍRITA A SINTESE DA FILOSOFIA TRADICIONAL? 
 Pitágoras foi muito feliz ao responder a pergunta se era sábio.  - Sábio só Deus o é, eu sou apenas um filosofo, ou seja, amigo da sabedoria ou um buscador da verdade. A verdade pode estar no efêmero? No transitório? Naquilo que flui - segundo Heráclito? Na Res Extensa de Descartes? No sensível, na matéria? Ou a verdade se encontra na essência, naquilo que perdura, no imutável de Parmenides, na Res Cógito de Descartes, no inteligível, no espírito? A essência é o espírito. Seria pretensão colocar a Filosofia Espírita, que investiga a essência, o Espírito como o núcleo da Filosofia Tradicional? 

TEMA  (Vontade) “A força não é oriunda da capacidade física e sim de uma vontade indomável”
 
1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA 
 Esta aula tem por finalidade situar a Filosofia Espírita no contexto da Filosofia Tradicional e evidenciar os principais filósofos espíritas do passado e da atualidade. 

2ª PARTE: INTRODUÇÃO 
Assim como o conhecimento do mundo material que cerca o homem teve o seu desenvolvimento, o campo metafísico também teve a sua compreensão ampliada. A característica dual do ser humano se evidenciou com Descartes quando ele se referia a Res Cogito e a Res Extensa. Foi, entretanto a Doutrina Espírita que afirmou de maneira inequívoca a existência do Espírito, pois partia de experimentos sensíveis e a dualidade ficou assim provada. Os experimentos citados é parte de toda fenomenologia tratada pela Ciência Espírita que desenvolve o contato com os seres extra-corpóreos do mundo espiritual.  Astrid Sayegh responde com muita propriedade para a RIE sobre as manifestações e sua importância:  “Muitas pessoas acreditam encontrar na fenomenologia espírita respostas para seus questionamentos e anseios; no entanto, trata-se nestes casos de uma atitude mítica, visto se esperar encontrar a verdade ou a libertação na exterioridade. Jesus afirma em Mc, 8:11, que o sinal que buscavam os fariseus jamais lhes seria dado, isto significa que a prova autêntica das verdades metafísicas, da espiritualidade, não se dá de forma exterior ao ser, mas dá-se a partir da interioridade, na intimidade do ser. Manifestações fenomênicas constituem meios de se edificar a fé, mas meios
bastante precários, dada a relatividade da experiência sensorial e do próprio fenômeno, enquanto tal. O espiritualismo legítimo, porém, é aquele que se fundamenta em princípios lógicos, que possuem objetividade e, portanto, o caráter de universalidade, que é o critério maior para os Espíritos. Este não deixa dúvida nem lugar para a incredulidade. É dessa forma que a doutrina dos Espíritos revela-se com autoridade, mesmo perante o preconceito da ciência que caracteriza nossos tempos, pois o grande criterium do ensinamento dado pelos Espíritos superiores é a lógica (Revue Spirite,1860, p.108)”. A Filosofia Espírita procura ir além dos aspectos sensíveis da fenomenologia, investigando o que há por detrás daquilo que os laboratórios da Ciência não conseguem realizá-los dentro do determinismo costumeiro do mundo da matéria. 

3ª PARTE: FILOSOFIA ESPÍRITA 
 A Filosofia Espírita faz a investigação racional e lógica do mundo do espírito, trazendo até nós conhecimentos até então, obscuros.  O passo dado pelo saber humano em torno de sua essência, torna compreensível aquilo que antes era encoberto pelo véu. O mundo espiritual ampliou enormemente os horizontes do restrito mundo da matéria. A interação desses dois mundos clarificou muitos dos fenômenos até então tido como sobrenaturais e milagrosos.  Uma pergunta porem pode ser feita com toda propriedade:  A Filosofia Espírita já tem reconhecimento oficial? Pergunta o entrevistador da RIE. Astrid nos responde que “a questão sobre o reconhecimento oficial é bastante relativa. Eu diria antes que a Filosofia Espírita, assim como os outros aspectos da Doutrina, é antes pouco conhecida no meio acadêmico, mas autoridade científica ela já possui em si mesma, dada a metodologia que a autoriza como tal. Na verdade, o que existe são referências, várias alusões à pessoa de Herculano Pires, como no caso do jurista Luís Washington Vita, membro do Instituto Brasileiro de Filosofia, que cita que após Herculano adquirir nome nos meios intelectuais, passou a se dedicar ao ensino e ao estudo da psicologia e parapsicologia. Além disso, na obra intitulada História da Filosofia no Brasil, Jorge Jaime afirma: “A história da filosofia brasileira já possui o filósofo do Espiritismo, e esse foi, indiscutivelmente, José Herculano Pires”. Podemos ainda citar o filósofo Bertho Condê, em cuja obra Roteiro de História da Filosofia, dedica todo um capítulo à Filosofia Espírita em sua vasta literatura.”  Ainda sobre o possível ensino não somente em centros espíritas mas no meio acadêmico, Astrid continua em sua entrevista: “Não acho que possivelmente será admitida; acho que no futuro necessariamente será considerada no meio acadêmico, pois não há como negar a autoridade soberba da racionalidade de seus princípios, não há como não aceitar a sua força lógica, assim como os fatos irrecusáveis que evidenciam e fundamentam seus princípios. A questão é que vivemos num século que se caracteriza por um ceticismo extremado, onde as questões existencialistas e imediatas constroem um mundo de não-valores; a preocupação dos pensadores contemporâneos é com a Fenomenologia, ou seja, a realidade qual aparece para o homem, e não a sua essência espiritual. Deve-se levar em consideração ainda o fato de a ciência em nossos dias acabar por estabelecer preconceitos que impeçam a aceitação de novas teorias, sobretudo de natureza metafísica. Por isso, importa que a Filosofia Espírita seja estudada de forma metódica e com profundidade, para que seja divulgada com a autoridade que lhe é inerente, com a qual merece ser considerada no meio acadêmico. Nada há do que temer se a divulgarmos com segurança, com a precisão metódica e o rigor científico que a caracteriza.” 

4ª PARTE: LEON DENIS (1846 – 1927) 
León Denis nasceu na França, em 1º de Janeiro de 1846, numa localidade chamada Foug, na região da Alsácia Lorena, iniciando uma vida exemplar, na qual desde a mais tenra infância conheceu as dificuldades materiais, o trabalho árduo, mas também coisas belas, as quais soube apreciar e valorizar: o aconchego familiar, as belezas naturais e os tesouros da civilização de seu país, as maravilhosas revelações contidas nos livros que, embora de difícil acesso para o jovem operário, lhe traziam conhecimentos que o deslumbravam e lhe proporcionavam "viagens" pelo mundo, pelos espaços infinitos, pelas riquezas inestimáveis do pensamento humano. Aos 18 anos, conheceu Allan Kardec e pouco tempo depois, assistiu a uma conferência proferida pelo codificador em Tours, cidade na qual viveu, dos 16 anos até o fim de sua vida. Ali, de pé no jardim onde se realizou a conferência, sob a luz das estrelas, Denis bebeu as palavras de Kardec, que falava sobre a obsessão... e, desde então, entregou-se com todas as potências de sua alma, à causa do estudo e da divulgação da Doutrina Espírita.      E é nesse espírito de total entrega que ele atravessa, imperturbável, todas as tormentas da existência: guerras (inclusive a Primeira Guerra Mundial), cegueira, críticas e perda de entes queridos,
sempre firme em seu posto, escrevendo livros e artigos, fazendo palestras, presidindo Congressos, sempre esclarecendo, consolando, animando. "Sempre para o mais alto!" É o lema que seu guia espiritual Jerônimo de Praga lhe dá para pautar a sua vida. É o exemplo que colhe da vida de sua amada "sorella", a heroína Joanna d'Arc. É o lema que ele nos dá a todos. Sua vida absolutamente coerente com a sua obra lhe vale o título de "Apóstolo do Espiritismo" e sem duvida alguma é o sucessor de Kardec na construção da Filosofia Espírita.  Suas principais obras são: O Grande Enigma, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, O Porquê da Vida, Cristianismo e Espiritismo, No Invisível, Socialismo e Espiritismo, Depois da Morte, Joana D’Arc, O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, O Alem e a Sobrevivência do Ser, O Mundo Invisível e a Guerra.  A hora de partir para o plano espiritual, de onde continua sua missão, vem encontrar o trabalhador, já ancião, com 81 anos, em plena atividade. Apressa-se em concluir o livro "O Gênio Céltico e o Mundo invisível", para entregá-lo a seus editores. Não chegaria a vê-lo publicado. Dita para a sua secretária, Claire Baumard, o prefácio prometido a Henri Sauce, que irá publicar uma biografia de Kardec. Que trabalho seria mais digno de encerrar a carreira de Denis? A deficiência visual vai se agravando a ponto dele aprender Braille para dar continuidade aos seus estudos e escritos. Manhã chuvosa de 12 de abril de 1927 amigos fiéis acompanham seus últimos instantes. Gaston Luce e sua esposa estão entre eles. "Mademoiselle" Baumard tem nas suas as mãos do agonizante, que não cessa de lhe dar recomendações pelo futuro da Doutrina Espírita.
  
5ª PARTE: JOSÉ HERCULANO PIRES (1914-1979) 
Nasceu em Avaré, interior de S. Paulo a 25 de setembro de 1914, filho do farmacêutico José Pires Correa e da pianista Bonina Amaral Simonetti Pires. Fez seus primeiros estudos em Avaré, Itai e Cerqueira César. Revelou sua vocação literária desde que começou a escrever. Aos 9 anos fez o seu primeiro soneto, um decassílabo sobre o Largo São João, da cidade natal. Aos 16 anos publicou seu primeiro livro, Sonhos Azuis (contos) e aos 18 anos o segundo livro, Coração (poemas livres e sonetos). Já possuía seis cadernos de poemas, colaborava com jornais e revistas da época em São Paulo e do Rio de Janeiro. Teve vários contos publicados com ilustrações na Revista Artística do Interior. Promoveu dois concursos literários, um de poemas, em Cerqueira César, e outro de contos, em Sorocaba.  Mário Graciotti o incluiu entre os colaboradores permanentes da seção literária de A Razão , em S. Paulo, que publicava um poema de sua autoria todos os domingos. Transformou (1928) o jornal político de seu pai em semanário literário. Mudou-se para Marília em 1940 onde adquiriu o jornal Diário Paulista e o dirigiu durante seis anos. Com amigos promoveu um movimento literário na cidade e publicou vários poemas.  Em 1946 mudou-se para São Paulo onde lançou seu primeiro romance O Caminho do Meio, que mereceu críticas elogiosas. Exerceu por cerca de 30 anos as funções de repórter, redator, secretário, cronista parlamentar e critico literário dos Diários Associados. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo de 1957 a 1959.  Graduado em Filosofia pela USP, em 1958, publicou uma tese existencial: O Ser e a Serenidade. De 1959 a 1962, exerceu a cadeira de filosofia da educação na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara. Foi membro titular do Instituto Brasileiro de Filosofia, seção de São Paulo, onde lecionou psicologia.  Espírita desde a idade de 22 anos não poupou esforço na divulgação falada e escrita da Doutrina Codificada por Allan Kardec, tarefa essa à qual dedicou a maior parte da sua vida. Durante 20 anos manteve uma coluna diária de Espiritismo nos Diários Associados com o pseudônimo de Irmão Saulo. Durante quatro anos manteve no mesmo jornal uma coluna em parceria com Chico Xavier sob o título "Chico Xavier pede Licença".  Foi Diretor fundador da revista "Educação Espírita" publicada pela Edicel. Em 1954 publicou Barrabás, que recebeu um prêmio do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, constituindo o primeiro volume da Trilogia Caminhos do Espírito. Publicou em 1975, Lázaro e com o romance Madalena concluiu a Trilogia. Traduziu cuidadosamente as obras da Codificação Kardecista enriquecendo-as com notas explicativas nos rodapés. Essas traduções foram doadas a diversas editoras espíritas no Brasil, Portugal, Argentina e Espanha.  Colaborou com o Dr. Júlio Abreu Filho na tradução da Revista Espírita. Ao desencarnar deixou vários originais os quais vêm sendo publicados pela Editora Paidéia.  Autor de mais de oitenta livros nas áreas de Filosofia, Ensaios, História, Psicologia, Espiritismo e Parapsicologia sendo alguns em parceria com Chico Xavier. As obras mais importantes no campo da Filosofia e da Teologia os quais são diretrizes ao nosso Curso de Filosofia Espírita são:
Introdução a Filosofia Espírita, Os Filósofos, O Sentido da Vida, O Espírito e o Tempo, Revisão do Cristianismo, A Agonia das Religiões, O Ser e a Serenidade, O Que é o Reino, Concepção Existencial de Deus, O Verbo e a Carne, O Homem Novo, Adão e Eva,  Dentro da Doutrina Espírita foi um dos autores mais críticos e sua linha de pensamento é forte e altamente racional, combatendo os desvios e mistificações.  Em 1976 funda a Editora Paidéia e em 2001 é criada a Fundação Maria Virginia e J. Herculano Pires para manter o acervo de suas obras e escritos. Encerrou sua existência terrestre nesta encarnação em 9 de março de 1979.    6ª PARTE: MANOEL PELICAS SÃO MARCOS (1909-2004) 
O professor São Marcos nasceu em 24 de novembro de 1909 em Ilhavo, província do Aveiro, em Portugal. Foi seminarista e já apresentava sintonia com a filosofia que era ensinada pelos padres e com a música. Veio com 17 anos para o Brasil. Ao chegar, morou alguns anos em Santos onde casou aos 19 anos, com Juliana. Desta união nasceram dois filhos. Enviuvou de sua esposa que faleceu na mesma ocasião que a filha de um ano de idade. O outro filho, Aquiles, reside atualmente em Santos. Após estes acontecimentos segue para São Paulo onde firma residência até seus últimos dias. Em São Paulo conheceu e casou-se com Mariana com quem viveu 66 anos de harmoniosa união. Tiveram uma filha, Maria Lívia, violinística clássica que  vive na Suíça. A partir de 1938 passou a estudar seriamente violão, por musica. Fez curso superior no Conservatório do Maestro Belardi.  A partir de 1940 leciona música a qual o faz por muitos anos. Criou o método de violão. Em 1980 funda a Camerata Violinistica, conjunto composto de instrumentos violinisticos. Escreve diversas composições para a Camerata. Em 1950 passou a freqüentar o curso de Aprendizes do Evangelho fundado por Edgard Armond na FEESP. Manteve-se na instituição espírita por muitos anos até seu desencarne. Trabalhou na área editorial, na área de Ensino, no curso de Expositor. Em 1987 cria o Curso de Introdução ao Conhecimento Espírita que dez anos mais tarde se transforma no Curso de Filosofia Espírita o qual acompanhou até seu desencarne em 13 de novembro de 2004 aos 94 anos. O curso prossegue na FEESP até 2006 para em seguida se transferir para o Instituto Espírita de Estudos Filosóficos. Suas principais obras sobre a filosofia espírita são as que hoje servem de guia juntamente com as de Denis e Herculano Pires ao nosso curso de Filosofia Espírita: Noções de História da Filosofia, Filosofia Espírita e seus Temas, Filosofia Espírita – Tomo II
 
7ª PARTE: ASTRID SAYEGH  (1958) 
Astrid Sayegh, professora, bacharel em Letras e Tradutor/Intérprete, Mestre em Filosofia e doutoranda, também em Filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP), é a fundadora e presidente do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos.  Tornou-se espírita em 1982 e a partir desta data freqüentou Federação Espírita do Estado de São Paulo, onde fez os cursos lá existentes. Passa participar nesta instituição dos trabalhos junto a Área de Ensino e na Assistência Espiritual. Sempre ao lado do prof. São Marcos se dedicou inteiramente ao curso de Filosofia Espírita até 2006 na FEESP para em seguida com outros, fundar o Instituto Espírita de Estudos Filosóficos.  Foi autora dos livros “Bergson, o método Intuitivo — Uma Abordagem Positiva do Espírito” e “Ser para Conhecer, Conhecer para Ser”. Fez de Bergson sua tese de mestrado. Na sua entrevista a RIE tece o seguinte comentário: “Antes de tudo, gostaria de ressaltar a importância de se considerar sempre a diferença entre uma tese espírita e, no caso, uma tese com temática espírita, para que não percamos a objetividade e precisão científica. O objeto desse trabalho é, através de uma reflexão sobre a filosofia de Henri Bergson, demonstrar a possibilidade do conhecimento metafísico através da intuição. Importa nestes tempos de transição para a chamada civilização do espírito uma ciência nova e restaurada, não a ciência das práticas rotineiras, dos métodos acabados e envelhecidos, mas uma ciência aberta a todas as investigações, notadamente à ciência do invisível. E o esforço intuitivo consiste, justamente, no movimento dessa consciência da interioridade, do Espírito que busca alcançar sintonia com uma realidade cada vez mais elevada, cuja visão imediata permite conhecer a realidade metafísica e explicitá-la em idéias e conceitos. Por outro lado, o referido filósofo demonstra ainda, através de um estudo descritivo das doenças de memória, como o Espírito é uma realidade que tem existência independente do corpo físico.” Nas perguntas seguintes feitas pela RIE a Astrid Sayegh temos uma noção de como foi esse trabalho acadêmico diante de um corpo examinador leigo nos assuntos da Doutrina Espírita.  “RIE – Como foi recebida a sua tese pela banca examinadora defendendo a realidade do Espírito numa universidade laica?
Astrid – Realmente houve muitos questionamentos por parte da banca examinadora no que se refere à legitimidade de algumas colocações extraídas da Codificação. Questionou-se sobre a cientificidade da obra de Kardec, por esta encontrar-se inserida num contexto religioso. Mas cabe-nos questionar, por que a ciência acadêmica dedica-se então a um estudo tão considerável sobre os filósofos medievais, cujo pensamento é essencialmente cristão e católico? Isso nos leva a crer que o preconceito maior, pelo menos em meio ao mundo da Filosofia, está no fato de, ao se aceitar a lógica dos Espíritos, isto implicar em se aceitar explicitamente no meio universitário a autenticidade da manifestação dos Espíritos.”  Num incansável trabalho de levar a Filosofia Espírita para o meio acadêmico, podemos analisar a resposta dada por Astrid sobre seu futuro  trabalho de doutorado junto a Universidade de S Paulo.  “RIE – E a sua tese de doutorado será sobre que tema”? Está em andamento? “Astrid – O título não está bem definido ainda, mas dando continuidade ao estudo anterior sobre a filosofia bergsoniana, trata-se de uma abordagem descritiva da evolução do princípio espiritual; o itinerário desde a gênese à fenomenologia do espírito”. Trabalha hoje no Instituto e ministra cursos e palestras em varias instituições espíritas.
 
8ª PARTE: IEEF – INSTITUTO ESPÍRITA DE ESTUDOS FILOSÓFICOS 
 A Filosofia Espírita já possui um reduto onde irradiar todo pensamento da Doutrina sob o aspecto filosófico: o IEEF – Instituto Espírita de Estudos Filosóficos. Deixemos a palavra com sua fundadora através de sua entrevista a RIE.  RIE – Conte-nos sobre a fundação do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos. Quando e como foi fundado. Astrid – Sempre tivemos em mente a idéia de criar uma instituição autônoma, abrir um espaço onde se pudesse dedicar à pesquisa, à divulgação, enfim, um núcleo onde se pudesse refletir livremente sobre a Filosofia, notadamente Espírita, com o rigor e profundidade que a caracteriza. Não se trata de um objetivo institucional, mas antes de criar uma identidade própria, para que fosse possível concentrar nossas atividades e estabelecer certa especificidade neste aspecto essencial da Doutrina dos Espíritos. Foi assim que surgiu a oportunidade, graças ao apoio de Nancy Puhlmann Di Girolamo, e demos início ao nosso projeto em junho de 2007. RIE – Onde funciona a IEEF? Quais os cursos que a entidade oferece?   Astrid – O IEEF está sediado junto à Instituição Beneficente Nosso Lar e é ministrado cursos itinerantes em outros Centros Espíritas. Os cursos são destinados àqueles que já possuem conhecimentos doutrinários básicos, e de um modo geral versam sobre: Filosofia Tradicional — reflexão sobre o pensamento dos filósofos em ordem cronológica e lógica; Filosofia Espírita — estudo das obras de Allan Kardec, Léon Denis, Herculano Pires, Manoel P. São Marcos e outros; e Cursos Temáticos — assuntos temáticos voltados para as exigências culturais e históricas do momento. Endereço do IEEF: Sede da Instituição Beneficente Nosso Lar Praça Florence Nightingale 79 – Vila Mariana – São Paulo-SP. Site: www.institutodeestudosfilosoficos.com 

9ª PARTE:  CONCLUSÃO 
 Quando Jesus dizia que muito nos tinha ainda por revelar, mas, não estávamos em condições de suportar, hoje podemos entender a profundidade de tal afirmação. Nestes dois milênios que o sucedera, a História da Humanidade nos mostra o quanto tínhamos que aprender em todos os campos do conhecimento.  O surgimento da Ciência, o desenvolvimento da Filosofia, das Artes, da Medicina, da Psicologia mostra quanto o homem tinha que caminhar para poder suportar novas revelações. O entendimento do mundo espiritual só seria possível com a maior compreensão do mundo da matéria.  Na Filosofia não seria diferente até chegarmos a Filosofia Espírita. Ela começou com a investigação da “physis” com os pré-socráticos passando em seguida pelo período antropocêntrico, em seguida o período teológico entrando na era moderna com o racionalismo e o empirismo.  Hoje, a Filosofia Espírita mostra com maior clareza a metafísica antes incompreendida pelos filósofos que a precederam.  
Alan Krambeck   
 
10ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA 
Próxima aula:   
           Livro 2 Capítulo 1 – Os Sentidos – As Sensações – A Percepção – A Memória 
Leitura:    A FILOSOFIA CONTEMPORANEA – Huberto Rohden – Edit Alvorada    NOÇÕES DE HISTORIA DA FILOSOFIA – Manuel P São Marcos – Ed FEESP

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