sábado, 16 de abril de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 2 - CAP 13

(utilize o site ifevale.org.br) 
AXIOLOGIA  -  TEORIA DOS VALORES
Bibliografia
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA – Manuel G. Morente – Edit Mestre Jou
TEMAS DE FILOSOFIA – Mª Lucia A Aranha – Edit Moderna  
Site
filosofiareal.blogspot.com/
ceismael.com.br/

REFLEXÃO
OS INDIVÍDUOS E AS ESCALAS DE VALORES
No Japão, o cidadão tem como prioridades, a Pátria, a Empresa onde trabalha e a Família, nesta ordem de seus valores. No Brasil essa ordem seria: a Família, a Empresa onde trabalha e a Pátria.

Como surgem estas valorações? Por que essas diferenças? Quem estaria certo? Assim como a coletividade tem os seus valores numa determinada escala, os indivíduos também as têm. Façamos uma experiência com um grupo de pessoas: peçamos a elas que relacionem uma centena de coisas em ordem decrescente de importância. Façamos uma síntese de todos esses valores. Com isto em mãos, poderíamos prever os comportamentos e os atos dos integrantes do grupo?

1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Enquanto as ciências buscam realizar uma compreensão dos fatos sensíveis que ocorrem na natureza, a filosofia objetiva, entre outras coisas, compreender o valor dado a essas coisas e atos. Essa aula busca entender esta área da Filosofia conhecida por Axiologia.

2ª Parte: INTRODUÇÃO – ETIMOLOGIA DA PALAVRA 
Os objetos apresentam uma essência que lhes é algo intrínseco. Eles podem, entretanto, receber um valor dentre os demais objetos que os rodeiam. O estudo dessa valoração dos objetos inanimados, vivos, ou mesmo ideias é a parte da Filosofia denominada Axiologia. Esta palavra foi criada no séc. XIX e vem grego AXIOS quer dizer Valor. Ela é, portanto, a teoria ou o estudo dos Valores.

 Há o mundo das coisas e o mundo dos valores. Não podemos dizer que os valores são da mesma maneira que as coisas são, isto é, não existe o valor em si enquanto coisa, mas o valor é sempre uma relação entre o sujeito que valora e o objeto valorado.    Logo a Axiologia se ocupa das relações que se estabelecem entre os seres e o sujeito que os aprecia. Os valores são como eixos. Assim como os eixos são elementos fixos à volta dos quais “giram” as rodas, os valores são o ponto de referência (fixo) em torno do qual “giram” as nossas ações.

Os valores são como o “fiel da balança”. Tal como o “fiel” serve de ponto fixo que permite a avaliação do peso de algo, os valores servem para avaliar o mundo que nos rodeia. Os valores são critérios. Os critérios são padrões pelos quais avaliamos as coisas. Os valores servem para avaliar, distinguir e organizar o nosso mundo. Quando estamos falando de um determinado objeto, estamos fazendo juízos a respeito dele e estes juízos são conhecidos como juízos de existência e juízos de valor. Os Juízos de Existência tratam do que a coisa é em si, enunciam propriedades, atributos, predicados dela que pertencem a ela. Os Juízos de Valor enunciam acerca de algo que não acrescenta e nem retira nada da sua essência ou de sua forma. Assim os valores não são coisas nem elementos das coisas. Podemos afirmar que um objeto é belo ou é feio que isto não altera sua essência. É um Valor.

3ª Parte:  O NÃO SER DOS VALORES – A NÃO-INDIFERENÇA 
Ao nosso redor existem coisas que como já dissemos, podem ser objetos reais, vivos ou inanimados e até mesmo ideias. Estamos mergulhados num mundo de coisas que nos cercam. Ao optarmos por uma dessas coisas, estamos valorando essa coisa. Essa valoração é algo que não é intrínseco dela, somos nós que atribuímos valor a elas. Podemos então afirmar que o Valor é um Não- Ser. Ao escolhermos alguma coisa, estamos percebendo sua existência, estamos deixando de ser indiferente a ela. Esta Não-Indiferença de tão “real” que pode até ser graduada. Alguns objetos têm maior preferência que outros, ou seja, sua Não-Indiferença é maior que os outros. E ainda alguns têm maior Não-Indiferença que outros. Vamos dar outro enfoque: objetos inanimados, seres vivos, situações ou ideias, podem ser de nosso agrado ou podem ser do nosso desagrado. Essas coisas têm uma escala de Não-Indiferença. Outro fato curioso: nem sempre o que nos agrada é o de maior Não-Indiferença.

Explicando essa situação aparentemente contraditória. Podemos por vezes dar extremo valor àquilo que não nos dá prazer ou que não nos é fácil de realizar por ser um anti-prazer. Como exemplo, podemos citar os vícios. Podemos ter como grande valor o de ser um não fumante, entretanto fumamos. Atribuir um valor a alguma coisa é não ficar indiferente a ela. Portanto a Não-Indiferença é a principal característica do Valor.
 
4ª Parte:  AS CATEGORIAS DO VALOR
Diante das coisas (objetos inertes, seres vivos ou idéias) somos mobilizados pela afetividade, somos afetados de alguma forma por eles, porque nos atraem ou nos causam repulsa. Portanto, algo possui valor quando não permite que permaneçamos indiferentes diante deles. Os valores são num primeiro momento, herdados por nós, ou seja, aceitamos os valores dos nossos pais, parentes, amigos, professores. Numa etapa seguinte começamos a criar os nossos próprios valores. Eles podem se aproximar ou se afastar dos valores herdados. Os valores não são totalmente subjetivos, pois, podem ser discutidos a luz de uma lógica e podem até lhes ser atribuídos numeros. Pelo fato dos Valores não serem coisas, não estamos autorizados a dizer que sejam impressões puramente subjetivas da dor ou do prazer. Assim estamos novamente diante de uma situação aparentemente contraditória. Os Valores não são coisas e nem impressões. Logo, os Valores não são, mas valem. Aprofundando mais o estudo dos Valores podemos considerar alguns dos seus atributos ou categorias. A primeira categoria é sua quantificação, ou seja, a Valoração. Atribuímos números que representam Valores. Estamos assim valorando o objeto. A outra categoria é a Polaridade, ou seja, essa valoração pode ser positiva ou negativa. Assim a atribuição de valores teria um Zero para a indiferença, valores positivos para a nossa preferência e valores negativos para nossa repulsa. E finalmente uma categoria chamada Hierarquia que, seria o que é fornecido pela valoração onde passamos a priorizar os objetos. O que é mais importante que o que e o que é menos importante que o que.

5ª Parte:  A CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE VALORES
Os valores podem ser agrupados em:
1-) Valores Úteis – aqueles que são valorados pela sua utilidade (adequado, inadequado, conveniente, inconveniente) . Os valores úteis constituem o fundamento da Economia.
2-) Valores Vitais – aqueles que se caracterizam pelo modo de ser (forte, fraco, preferência na moda, preferências de gestos e posturas físicas) Os valores vitais são a base da Moda, da Indumentária, da Vestimenta, dos Jogos e Esportes e de Cerimônias Sociais.
3-) Valores Lógicos – estão relacionados com a verdade ou falsidade.
4-) Valores Estéticos – aqueles relacionados com a impressão dos sentidos, os agradáveis ou desagradáveis aos sentidos, os relacionados com o belo.
5-) Valores Éticos – aqueles relacionados com a justiça e com a bondade.
6-) Valores Religiosos – os que estão relacionados com o divino e o profano.

6ª Parte:  A HIERARQUIA DOS VALORES – A ESCALA DE VALORES
Para os grupos citados acima temos uma hierarquia, à qual Garcia Morente em Fundamentos da Filosofia cita: “vamos tomar provisoriamente uma classificação que anda por aí e que é provavelmente a menos incorreta, a mais aceitável de todas, a de Scheler“. Ela afirma que os valores religiosos se situam acima dos valores éticos; estes por sua vez acima dos estéticos; estes acima dos lógicos; estes superiores aos vitais e finalmente estes superiores aos úteis. Esclarecendo: se esquematicamente assinalarmos o zero de uma escala para a Indiferença e seguindo sua polaridade (positiva ou negativa) teríamos que os valores úteis se afastarão pouco do ponto de indiferença, já os vitais estariam um pouco mais afastados e finalmente os religiosos os mais afastados. Scheler coloca então que os valores religiosos estariam no ápice da escala. Dando um exemplo prático de tal hierarquia, teríamos: se tiver que optar entre salvar a vida de uma pessoa ou deixar que se queime um quadro, preferirá que se queime o quadro. Outro exemplo interessante foi quando uma criança pertencente a uma determinada religião necessitava de transfusão de sangue para salvar sua vida e os ensinos religiosos dessa religião não o permitiam , os pais optaram pela não transfusão.

7ª Parte: A QUEBRA DOS VALORES COLETIVOS – A CULTURA DO “JEITINHO”
A conseqüência de qualquer valoração é, sem dúvida, fornecer regras a ação prática. E podemos definir como Moral, o conjunto de regras de conduta consideradas válidas para um grupo ou pessoa. Grupos humanos precisam de regras para viver bem e em harmonia. Se cada indivíduo fizer o que bem lhe aprouver, irá provocar o caos social ou seja a inexistência de uma moral previamente estabelecida. Todos já ouviram falar no “jeitinho brasileiro” com aparência de inocência e por vezes até visto como virtude (vivacidade, esperteza). Nesse caminhar, as transgressões às regras vão se acentuando até chegarmos a uma “normalidade” vista por um político de evocar que o nepotismo nos cargos governamentais como salutar a nação. Em todos os casos, o “jeitinho” surge como forma autoritária e individualista ao desconsiderar as normas de vivência em sociedade.

8ª PARTE: AXIOLOGIA E A LEI DE JUSTIÇA
A axiologia tratando dos valores indiretamente esta tratando dos problemas de ética, estética, direito, política e escatologia entre outros. A justiça permeia a história desde a antiguidade com Sócrates e Platão que na época se traduzia por “ordem e harmonia”. Na idade média essa noção se manteve, embora estivesse relacionado com o aspecto teológico. Na atualidade o aspecto universal foi gradualmente diminuindo e prevalece a noção de justiça no sentido mais restrito, visando o cumprimento das leis, ou seja foca exclusivamente o aspecto jurídico. Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, no livro III (As Leis Morais) e no livro IV (Esperanças e Consolações), faz uma síntese de todos esses problemas que envolvem valores. Diferencia-nos com muita clareza o que é o bem e o que é o mal estimulando-nos à prática da justiça, do amor e da caridade. Ele nos dá, portanto, todas as coordenadas para uma atuação mais consciente na vida de relação.

9ª PARTE: CONCLUSÃO
Os indivíduos diferem entre si entre outras coisas pela sua escala de valores. Em função de sua escala de valores realizam suas ações no cotidiano. Um exemplo muito claro de como a subjetividade atua na objetividade. Assim como a religião, totalmente imponderável, metafísica e longe do aspecto sensível, impõem diretrizes comportamentais na vida concreta. Importante se faz que cada um de nós tenha consciência da existência dessa escala e que façamos uma reflexão sobre a nossa escala de valores: o que é importante para nós e o que é importante para os outros. Ao termos isto em vista, passaremos  entender os procedimentos do nosso próximo. Alan Krambeck


10ª PARTE: MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula: Livro 2 – Capítulo 14 - Os Costumes - A Moral – A Ética – A Ética Espírita Leitura: TEMAS DE FILOSOFIA – M Lucia A Aranha – M Helena P Martins FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – Maria Lucia A Aranha CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí

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