quinta-feira, 19 de maio de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 2 - CAP 17


DAS ARTES - A ESTÉTICA  – A HARMONIA – O BELO 
BIBLIOGRAFIA 
CONVITE Á FILOSOFIA – Marilena Chauí – Edit Ática 
TEMAS DA FILOSOFIA – M. Lucia A Aranha – Edit. Moderna 
 
REFLEXÃO
O ESPÍRITO É BELO?   Sendo a arte e, por conseguinte o Belo um componente sensível e impressionável aos sentidos, como se pode apreciar a beleza de um espírito?  Tem sentido em falar de beleza de algo imaterial?  Teriam outros parâmetros a serem contemplados?  Neste caso a Beleza seria traduzido pelas virtudes, pelo “beau geste”, ou mesmo pelas mensagens através das comunicações?  O espírito belo é o espírito bom?  É o espírito de grande conhecimento? 
 
1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA 
 Esta aula tem por objetivo a investigação e a reflexão de mais alguns temas filosóficos entre eles o belo, a beleza, a harmonia e a estética. A investigação filosófica se encaminha no sentido de buscar um possível relacionamento da obra da creação com a própria divindade. 
 
2ª PARTE: INTRODUÇÃO 
 O estudo desta parte da filosofia procura encontrar uma relação com o divino. Podemos ousar em dizer que o belo, o harmônico e o estético compõem o dinamismo da Creação. As leis divinas trabalham no sentido de fazer o caos que é temporário se encaminhar ao Perfeito. Tudo que é feio, caótico, antiestético são coisas passageiras e efêmeras, pois tudo tende a perfeição e a harmonia, ou seja, tudo se encaminha para Deus. 

3ª PARTE: O QUE É A ARTE 
 Podemos iniciar este assunto dizendo que a arte é a forma de como o homem pode marcar sua presença, criando objetos (quadros, filmes, musicas, esculturas, vídeos e outros) que oferecem uma interpretação do mundo.  Em vez de dizer como as coisas são, ele mostra através de sua criação, de como as coisas poderiam ser.  Pode-se dizer que é a manifestação da fagulha criadora do grande Criador divino.  Não existe mentira em arte porque a arte não existe para mostrar como a realidade é, mas como ela poderia ser.  A arte é uma atividade humana autônoma, isto é, não se subordina a política, a religião ou qualquer espécie de poder. Não está a serviço nem mesmo da prática moral.
Não está destinada a produzir objetos de consumo.  A arte é produto da experiência sensorial (visão, audição, paladar, olfato ou tato) ou perceptiva, da imaginação e da inspiração do artista como criador autônomo e livre.  A arte não é o objeto. Ao pintarmos um vaso de flor, por mais perfeito que seja, não é o vaso de flor. 

 A primeira e mais antiga relação entre a arte e a natureza foi a mímesis, termo grego que significa imitação. A obra de arte resultava da atividade do artista ao imitar os seres reais e suas ações por meio de palavras, movimentos gestos, sentimentos, sons, cores, formas e volumes. 

4ª PARTE: FUNÇÕES DA ARTE 
 A finalidade da arte é desinteressada (não utilitária) ou contemplativa. E a busca do belo por parte do artista e da avaliação ou o julgamento da beleza por parte do público.  Dentre as funções destacamos as mais importantes como sendo: a função pragmática ou utilitarista, a função naturalista e a função formalista.  A função utilitarista seria aquela em que a arte tem por fim alcançar um fim não artístico. No Egito Antigo a arte tinha por fim servir a religião. Era um fim educativo no sentido de divulgar e atingir o grande público. Os Leilões de Arte de hoje em dia busca-se muito mais auferir ganhos com os objetos de arte do que aprecia-las propriamente dito.  A função naturalista visava em ultima instancia fazer retratos e autorretratos ou retratar paisagens. Com o advento da câmara fotográfica essa função perdeu o sentido. Ela esta mais voltada ao conteúdo do que seu modo de apresentação.  Finalmente a função formalista procura destacar como o nome mesmo diz mais a forma de apresentação. Assim a Monalisa sendo uma figura desconhecida analisa-se então, o tamanho do quadro, ela estar centralizada a meio corpo, ligeiramente inclinada, destaque para primeiro plano, outros objetos em segundo plano, sorriso enigmático, cores usadas. Enfim, essa função formalista tem foco sobre a forma da obra.
 
5ª PARTE:  O GOSTO - O BELO E O FEIO 
 O Belo é diferente do Bom e do Verdadeiro. O Bem é objeto da Ética. A Verdade é objeto da Ciência e da Metafísica. E a Beleza é o objeto da Estética.  A Estética afirma a autonomia das artes pela distinção entre beleza, bondade e verdade.  A Beleza é um valor objetivo, que pertence ao objeto e que pode ser medido ou é subjetivo que pertence ao sujeito e que, portanto poderá mudar de indivíduo para indivíduo?  Para Kant, o Belo é aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justifica-lo intelectualmente. Para ele, o objeto belo é uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito. Neste aspecto, o Belo não se reduz a um único indivíduo uma vez que todos os homens têm as mesmas condições subjetivas da faculdade de julgar o belo. O que um crítico de arte tem a mais é o seu conhecimento de história e a sensibilidade educada.  Podemos definir o Belo como sendo uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir um certo estado da nossa subjetividade, não havendo, portanto, uma idéia de belo nem regras para produzi-lo. Hegel diz que a beleza muda com o tempo e essa mudança depende mais da cultura e da visão de mundo.  Os empiristas participam do conceito de belo reduzindo-o ao gosto de cada um. E aquilo que depende do gosto e da opinião de cada um não pode ser discutido racionalmente.  O Feio não pode ser objeto de arte. Entretanto a arte poderá representar o feio. Ou ter uma forma de representação feia. O problema do Belo e do Feio é deslocado do assunto para o modo de representação. Só haverá obras feias se forem malfeitas.  O gosto não é uma preferência arbitrária e imperiosa de nossa subjetividade. Se quisermos educar o nosso gosto frente a um objeto estético, a subjetividade precisa estar mais interessada em conhecer do que em preferir.   Assim, ter gosto é ter capacidade de julgamento sem preconceitos. A educação do gosto se dá dentro da experiência estética, que é a experiência da presença tanto do objeto estético como do sujeito que o percebe.  Precisamos começar com obras que nos estejam mais próximas, no sentido de serem mais fáceis de aceitar e dar um passo de cada vez. O universo das artes é muito rico e enriquecedor. Através dele descobrimos o que o mundo pode ser e o que nós podemos ser e conhecer. 

6ª PARTE:  BELEZA E SUA DEFINIÇÃO    Será que podemos definir claramente o que é a beleza, ou será que esse é um conceito relativo, que vai depender da época, do país, da pessoa, enfim? Em outros termos, a beleza é um valor objetivo, que pertence ao objeto e pode ser medido, ou subjetivo, que pertence ao sujeito e que, portanto, poderá mudar de indivíduo para indivíduo?
 De um lado, dentro de uma tradição iniciada por Platão há os filósofos que defendem a existência do “belo em si”, de uma essência ideal, objetiva, independente das obras individuais, para as quais serve de modelo e de critério de julgamento. Existiria, então, um ideal universal de beleza que seria o padrão a ser seguido. As qualidades que tornam um objeto belo estão no próprio objeto e independem do sujeito que as percebe.  De outro lado, temos os empiristas, como David Hume (séc. XVIII), que relativizam a beleza, reduzindo-a ao gosto de cada um. Aquilo que depende do gosto e da opinião pessoal não pode ser discutido racionalmente, donde o ditado: “gosto não se discute”. O belo, dentro dessa perspectiva, não está mais no objeto, mas nas condições de recepção do sujeito.  Kant, ainda no século XVIII, tentando resolver esse impasse entre objetividade e subjetividade, afirma que o belo é “aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo intelectualmente”. Para ele, o objeto belo é uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito. O princípio do juízo estético, portanto, é o sentimento do sujeito e não o conceito do objeto.  Hegel, no século seguinte, introduz o conceito de história. A beleza muda de face e de aspecto através dos tempos. E essa mudança (chamada devir), que se reflete na arte, depende mais da cultura e da visão de mundo presentes em determinada época do que de uma exigência interna do belo. 

7ª PARTE:  ARTE DE ELITE – ARTE POPULAR – ARTE DE MASSA 
 A elite pode ser definida como uma minoria social dominante em termos culturais em virtude do conhecimento e domínio de vários códigos no campo das artes. Essa Arte de Elite é conservada em museus e nas grandes coleções particulares. Ela se caracteriza por implicar num esforço para captar o seu significado. Exige do público uma mudança no seu modo de ver o mundo. Envolve a expressão pessoal do artista.  Outro tipo de arte é a Arte Popular ou Folclórica que é anônima, traduz uma visão de mundo e os sentimentos coletivos do grupo ao qual tem origem. Tem como público o próprio grupo que o criou. Não pode ser inspirado nem influenciado por moda. O povo é a origem e o fim da produção artística e através dela que o grupo pode manifestar sua expressão cultural.  A Arte de Massa é constituída por aqueles produtos da indústria cultural que se destinam à sociedade de consumo. Essa arte se caracteriza por ser produzida por um grupo de profissionais que pertence a uma classe social diferente do público. A arte é dirigida pela demanda, portanto, sujeito a modismos. Ela deve ser feita para um público semiculto e passivo. O “povo” neste caso é só o alvo da produção e não sua origem.  Sob o efeito da massificação oferecida pela indústria e pelo consumo cultural, as artes tendem a se tornar reprodutivas e repetitivas. Com isso, por vezes, seu destino é o lixo. Esta arte deixa de ser um trabalho de criação e tende a tornar-se um produto que atende a eventos para consumo, a exemplo de livros produzidos para grandes tiragens. A arte passa de experimentação e invenção do novo, tende a se tornar consagração do consagrado, pela moda, a exemplo da música rancheira, passando a música country. A arte passa de duradoura para efêmera. E finalmente o que é pior de tudo, passa daquilo que desvenda a realidade, para aquilo que dissimula a realidade, verdadeiras fábricas de ilusão. 

8ª PARTE:  A ESTÉTICA 
 A Estética é um ramo da Filosofia que se ocupa das questões tradicionalmente ligadas as artes, como o Belo, o Feio, o Gosto, os Estilos e as teorias da criação e da percepção artística. Do ponto de vista estritamente filosófico, a estética estuda racionalmente o belo e o sentimento que este desperta nos homens. Dessa forma, surge o uso corrente, comum, de estética como sinônimo de beleza. É esse o sentido dos vários institutos de estética: institutos de beleza que podem abranger do salão de cabeleireiro à academia de ginástica.  A palavra estética vem do grego “aisthesis” que significa faculdade de sentir, compreensão pelos sentidos, percepção totalizante.  Foi, porém, na Alemanha que surgiu a estética, a começar pelo nome: Aesthetica que significa “faculdade de sentir”, “compreensão pelos sentidos”, “percepção totalizante”. O termo “aesthetica” foi criado por Alexander G. Baumgarten. Ele aborda a arte apenas no que se refere as formas do conhecimento. O desenvolvimento da estética como reflexão sobre a arte propriamente dita cabe a Johan J. Winckelmann, aluno de Baumgarten que posteriormente transferiu-se para Roma, a capital da arte clássica.  A arte relaciona-se com a história de um povo, de uma civilização, de uma época. Por isso, ela também tem sua história, que partilha com a do povo de que é expressão. Para Winckelmann, ao contrário de vários iluministas que conceberam a história sempre progressiva da razão, tal história
apresenta começo, desenvolvimento, apogeu, decadência e fim, como aconteceu com a civilização grega da Antiguidade e com seus sucessivos estilos artísticos. O belo artístico, nessa medida, só pode surgir quando a civilização a que corresponde está no apogeu.  Na decadência – e o exemplo, sempre grego, corresponde ao período helenístico – os valores se corrompem. A virtude da polis e a cidadania se perdeu, e os homens se recolheram na sua individualidade e em assuntos privados. 
 
9ª PARTE: A HARMONIA.    Palavra de origem grega querendo significar ajustamento ou ordem de elementos, encaixe, articulação, proporção. Alguns como Heráclito (540 – 470 AC.) proclamam mesmo que a bela harmonia nasce das coisas contrárias e tudo brota da oposição. É desta idéia de tecer os contrários que nasce a própria reflexão da política, nomeadamente em Platão. Com efeito, as coisas políticas, as coisas da religião e as coisas do direito, todas procuram uma ordem comum, a ordem que se opõe ao caos, um equilíbrio que sempre precisou de uma espada e de um fiel, para poder ser harmonia ou mistura de contrários. Porque nunca houve nenhuma sociedade em que todas as regras fossem espontaneamente cumpridas.  Como salientava Platão, a tarefa principal do homem político é como a do tecelão, dado caber- lhe transformar a tensão em harmonia, fazer com que cada uma das partes da virtude estejam de acordo com as outras. Por exemplo, a tensão entre a coragem e a moderação, entre a bravura e a doçura. A política é, pois, a arte de conciliar contrários.   A polis é a harmonia na diversidade, unidade na multiplicidade, não podendo ser grande demais nem pequena demais. A polis tem de ser suficientemente grande para poder atingir a auto-suficiência, para conseguir um poder de governança, mas também tem de ser suficientemente pequena para permitir a liberdade e a participação. Tem de ser harmonia.  A polis só pode ser entendida como o espaço de diálogo entre a decisão e a participação, entre a governança e a cidadania, como a exigência de unidade na diversidade, como a harmonia dos discordes. 

10ª PARTE: CONCLUSÃO 
 Muitos foram os filósofos que se dedicaram a esse tema como também os artistas de todas as artes, buscando e fazendo apologia ao Belo, ao Harmônico, ao Estético.  Após estas reflexões podemos afirmar que todos os que buscam consciente ou inconscientemente, a essas qualidades estão na busca do divino. O Reino com certeza nos deve apresentar o belo, o harmônico e o estético em todos seus mínimos detalhes. 
Alan Krambeck  
11ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA 
Próxima aula:   Livro 2 – Capítulo 18 - Processos de Comunicação – Linguagem Escrita e Falada 
Leitura: TEMAS DE FILOSOFIA – M Lucia A Aranha – Ed. Moderna. CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí – Edit. Ática

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