quinta-feira, 28 de julho de 2016

DEUS



Antigamente chamávamos a Terra de “universo” e a Teologia cristã, para nos atear ao aspecto mais diretamente relacionado com nossa cultura, ensinava não apenas que ela era o centro do universo, único planeta habitado, mas também que estava parada e tudo o mais girava em seu redor, em tributo soberano à sua ímpar grandeza.

Se Galileu Galilei forçou a revisão desse conceito geocêntrico, se Copérnico e Kepler, desnudaram parte do universo mais próximo, as vagens interplanetárias e as sondas espaciais que viajam, hoje, pelo sistema solar e fora dele em pesquisa, tornaram mais real a visão de um Universo se barreiras, que a teoria da relatividade de Einstein pretende ser finito, mas cujas dimensões escapam às mais mirabolantes tentativas de cientistas e visionários.

O homem começa a perceber mais concretamente que é participante de uma superestrutura celeste, um universo em permanente expansão, em dinâmica mutação, equilibrado por leis que a ciência humana já começa a conhecer e provar. Todavia, esse Universo estranho, com energias desconhecidas e composições químicas e físicas fora dos esquemas conhecidos na Terra, continua um enigma abissal. A descoberta da antimatéria e dos buracos negros é exemplo do quanto ainda se está por conhecer.

O homem moderno, apesar de todos os recursos tecnológicos e de instrumental sofisticado, não está muito longo do homem primitivo, diante da imensidão sideral e de todos os elementos que a compõem. Assim como o primata olhava atônito para o faiscar da estrelas  interpretando os fatos celestes como mensagens dos deuses, as estrelas, permanece em dúvida profunda sobre todo o arcabouço sideral, sejam os poderosos fluxos e refluxos de energias ou as questões mais afetivas, como a existência ou não de civilizações habitando os bilhões e bilhões de planetas disseminados pelo espaço, dentro das galáxias que se sucedem.

Quando o astronauta soviético Gargarin olhou, pela primeira vez, o globo terreno girando na solidão espacial, na histórica viagem extraplanetária, gritou entusiasmada “a Terra é azul”. E jocosamente, depois, afirmou que não tinha encontrado Deus.

O nosso planeta azul é um modesto corpo celeste onde uma humanidade de cerca de 4,8 bilhões de habitantes, se distribui desigualmente pela face planetária, com patamares diferentes de cultura, de educação, desenvolvimento científico, social e econômico.

Sobre sua origem e desenvolvimento, incluindo o gênero humano, já foram apresentadas muitas teorias, tidas como verdades, abandonadas depois, substituídas temporariamente por outras, também tomadas com verdades definitivas. Hoje, já acumulamos muitas informações, mas ninguém, de bom senso, afirmaria que tenhamos chegado a um conhecimento final.

Por isso, ainda que se dizendo materialista, Gagarin refletia toa a tradição religiosa do mundo, pretendendo encontrar Deus flutuando ente a Terra e a Lua, o “céu” teológico, o “lá em cima” dos ensinamentos bíblicos e evangélicos.
Jaci Regis – Do Homem e do Mundo pag 17 e 18.


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