quarta-feira, 22 de novembro de 2017

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 4 CAP 5 – RELIGIÕES ORIENTAIS (HINDUISMO BUDISMO – TAOISMO – CONFUCIONISMO – XINTOISMO)


BIBLIOGRAFIA
RELIGIÕES E FILOSOFIAS - Edgard Armond – Edit. Aliança
O ESPIRITO DA FILOSOFIA ORIENTAL – Huberto Rohden – Edit Alvorada
O LIVRO DAS RELIGIÕES – Jostein Gaader – Cia das Letras

REFLEXÃO
O DEUS ORIENTAL
Certo dia foi ter com um exímio vidente da Índia um jovem que queria saber do grande iluminado o que era Deus. Em vez de responder à pergunta do jovem consulente, o mestre convidou para partilhar a vida dele por um ano. O jovem aceitou.
Durante esse ano, o sábio nunca discutiu com seu discípulo a questão da existência e da natureza de Deus, mas fê-lo tomar parte nas longas e profundas meditações de cada dia. No fim do ano ao despedir-se do jovem perguntou-lhe o iluminado se tinha ainda alguma dúvida.
- Nenhuma, respondeu o jovem ao mestre que lhe lembrou a pergunta feita a um atrás.
- Fui eu que perguntei tal coisa? Estranhou o jovem
- Certamente foi outro.

1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por finalidade nos familiarizar com as religiões orientais, fornecendo a época do seu surgimento, seus principais líderes e divulgadores. Ela se propõe igualmente nos mostrar os princípios, fundamentos e a doutrina encerrada em cada uma delas.

2ª PARTE: INTRODUÇÃO
A grande diferença entre as religiões orientais e ocidentais é que aquelas muito mais que voltadas ao sagrado são voltadas aos comportamentos humanos.
Enquanto as religiões ocidentais dão ênfase a adoração do Criador e através de Sua vontade exige do homem mudança de comportamentos para atingir o Seu Reino as religiões orientais admitem a chegada ao Reino através de esforço próprio.

3ª PARTE: O VEDISMO – O BRAMANISMO – O HINDUISMO
As religiões hindus tiveram suas origens nos livros védicos os quais criara a Vedanta, filosofia antiga daquele povo. Essa filosofia explicava o sobrenatural e fornecia um código de comportamento moral do povo.
A Vedanta proporcionou um regime de castas na Índia. São elas: os brâmanes ou sacerdotes, nascidos da cabeça de Brama; os ksátrias ou os guerreiros, os braços de Brama; os vaicias ou mercadores nascidos das pernas de Brama e finalmente os sudras ou gente da plebe, nascido de seus pés.
O Bramanismo, uma evolução da Vedanta se tratava de uma religião mais organizada e sucede o culto primitivo. Estabelece a trindade bramanica: Brama, o criador; Shiva, o destruidor e regenerador
com sua esposa Kali, a deusa da morte e Vishnu, o princípio conservador, amigo do homem que
encarna em Rama, Krishna e Buda.
Tornou mais rigoroso o sistema de castas dando privilégio aos sacerdotes e guerreiros e
estabeleceu ainda que ninguém podia sair de sua casta. Caso o fizesse seria repudiado por todos e
passaria para a condição de sem casta ou paria social.
O Bramanismo adota a lei da metempsicose e da transmigração da alma para os iniciados. É
uma religião aristocrática e sacerdotal.
Finalmente, o Hinduismo (assim como o Cristianismo) é o conjunto de uma série de religiões da
Índia que tem suas raízes na Vedanta e no Bramanismo.

4ª PARTE: O BUDISMO
Apesar do Budismo ter nascido na Índia num ambiente de vedismo, teve influencia da filosofia
chinesa.
O Budismo foi fundado pelo príncipe indiano Gautama Sidarta a 600 aC na cidade de
Kapilavastu, ao norte da Índia, fronteira com o Nepal, dentre os sáquias, povo dessa região.
A vida de Buda não teve mácula e é um modelo de vida virtuosa. Durante seis anos de
isolamento e meditação preparou sua doutrina e divulgou através de sua palavra.
O nascimento e a vida de Buda é envolto numa estória ou lenda semelhante a historia dos
iluminados ocidentais.
O Budismo prega, antes de qualquer coisa, a necessidade do sofrimento como pagamento de
dívidas anteriores bem como a utilidade da renuncia dos desejos e bens materiais. Não adota os
privilégios de casta. Há uma notável aproximação da doutrina de Buda com alguns pontos do
cristianismo.

5ª PARTE: OS TRÊS SÁBIOS CHINESES
A China apresenta três sábios da antiguidade como o fundamento de sua religião nacional. São
eles: Fo-Hi a 3400 AC, Lao-Tse a 600 AC e Confúcio a 400 AC.
Fo-Hi foi um imperador que empregou seu poder e influencia para difundir o conhecimento das
virtudes e os Dons Morais entre o povo. A única obra conhecida deste sábio é o I Ching contendo
figuras, símbolos e trigramas de significação obscura.
Lao-Tse, o segundo deles viveu no século VI AC e deixou uma obra mais vasta, porém três de
seus livros chegaram até nossos tempos: o Tao (o livro das Sendas); o Te (o livro da Virtude ou da
Retidão) e o Kang Ing (o livro das Sanções ou das Reações Concordantes). Cada livro é um código de
moral. Em O Tao, Lao Tse entre outras qualidades destaca a paciência, a esperança e a humildade.
A Senda (Paraíso) não se alcança senão pela prática da totalidade das virtudes e não pode ser
encontrada senão pelo próprio indivíduo. Em Te, Lao-Tse, dá ênfase à discrição, a reflexão, a
meditação solitária e íntima e a abstenção das atrações do mundo.
Kang Ing trata da vontade e do Karma.
Finalmente, Confúcio que viveu no século IV AC foi um sintetizador das idéias dos sábios
antecessores. Ele foi mestre e ministro de alguns governos. Confúcio deixou nove livros (4 clássicos e 5 sagrados). Os quatros clássicos são: A Grande Ciência, A Doutrina Mediana, Anacletas e Mencio. Os cinco livros sagrados são: Shi Ching (Livro dos documentos históricos), I Ching (o livro das Mutações),
Li Ching (o livro dos Antigos Ritos e cerimônias) e finalmente Chun Chiu (Primavera e Outono).

6ª PARTE: O TAOÍSMO
O Taoísmo se baseia num livro chamado “Tao Te Ching“ (O Livro do Tao e do Te). Tao significa
a ordem do mundo e o Te significa a força vital. O livro tem em torno de 25 páginas divididos em 81
capítulos de autoria suposta de Lao Tse (séc VI AC).
Para Lao Tse, o Tao é a verdadeira base da qual todas as coisas são criadas. Várias vezes o
Tao é descrito como o Céu, isto é, como algo divino embora não seja um deus pessoal. Ele também
afirmava que o homem não pode usar o intelecto para compreendê-lo.
O taoísmo implica em passividade e não atividade. Precisa economizar a força vital. Para um
sábio taoista a ação mais importante é a “não-ação”. Enquanto para Confúcio o desejo era educar o
homem por meio do conhecimento. Pois só a educação o afasta da ignorância, motivo de todos os
males.
O Estado ideal para Tse era a pequena comunidade, a aldeia, pois ele acreditava que qualquer
administração (pública) é má: “quanto mais leis e mandamentos existirem, mais bandidos e ladrões
haverá”.
Para Tse e os taoistas, a caridade (esmola) não faz sentido, mas tem que se ter boa vontade
sem limites para com todos.
Os discípulos de Lao Tse começam depois de algum tempo, dirigir o taoísmo para o misticismo,
pois até então eram regras de procedimentos. Foram os elementos de magia que mais tiveram
ressonância dentre as massas, pois regras comportamentais são sempre mais difíceis de serem
adotadas.
A religião taoista foi se desenvolvendo e posteriormente chega a apresentar seus próprios
deuses, templos e monges.

7ª PARTE: O CONFUCIONISMO
É uma doutrina filosófica e moral de Confúcio e sua escola. É uma moral de conduta segundo
uma tradição aristocrática que exortava o esforço constante para cultivar a própria pessoa e estabelecer
a harmonia no corpo social. Foi a partir de 1200 DC que foram introduzidas às preocupações
metafísicas no confucionismo tornando-se uma doutrina ortodoxa.
A revolução de 1911 na China suprimiu seu culto oficial. O confucionismo manifesta o equilíbrio
que existe entre os poderes do Céu e da Terra, entre o homem e a natureza. Como fundamento desse
equilíbrio criou em sua época o culto da adoração do Céu (Tian), da adoração do Imperador Superior
(Shangti) e da adoração de espíritos celestes, terrestres e humanos sendo que estes últimos são os
antepassados dos vivos.
O culto dos antepassados é parte significativa da religião chinesa que tem assim um cunho
nitidamente imortalista.
O antepassado é sem cessar invocado, consultado sobre assuntos de importância cotidiana.
Fazem oferendas até com sacrifícios de animais.
O confucionismo preconiza vida virtuosa e obediente a hierarquia tanto terrestre como celeste.
Dessas virtudes destaca-se o respeito mútuo, a franqueza, a circunspeção (responsabilidade por
palavras e atos), a humildade, a benevolência e a justiça.
Em cada cidade chinesa existe um templo dedicado a Confúcio, pois o confucionismo é a
religião oficial do pais. Com o advento do comunismo e modernamente a globalização, muitas
mudanças de hábitos, costumes, regras, leis e princípios vem sendo observados na cultura chinesa.
O Japão assimilou oficialmente o confucionismo a partir de 1600 como culto oficial.

8ª PARTE: O XINTOÍSMO
É a religião nacional e a mais antiga do Japão. É anterior a introdução do Budismo, pois foi a
partir de 500 dC que o xintoísmo enfrentou dura competição com o budismo e as duas passaram a se
influenciar mutuamente. Não é raro no Japão o uso alternado de varias religiões. Aí a tolerância
religiosa. Esse aspecto é tão significativo que guardadas as tradições religiosas o Japão se tornou um
verdadeiro laboratório religioso.
O xintoísmo não tem um fundador e ao longo dos séculos adotou tradições de varias outras
religiosidades. A essência do xintoísmo é a cerimônia e o ritual que mantém contato com o divino.
Costuma-se dizer que o xintoísmo possui uma infinidade de deuses (kamis) que se manifestam sob
forma de árvores, montanhas, rios e animais. A palavra japonesa “kami” também pode ser traduzida
como “espírito”.
O culto aos espíritos naturais e ancestrais sempre foi fundamental no xintoísmo. O culto aos
antepassados se difundiu sob a influencia do confucionismo chinês.
Para o xintoísmo todos os japoneses têm origem divina, mas em especial, o imperador. Ele
passou a ser um kami vivo.
No século XIX o xintoísmo teve um reavivamento com objetivos nacionalistas visto a forte
influencia ocidental que começava se efetuar. A partir de então se tornou a religião oficial.
O culto é observado tanto no lar como nos templos. O templo xintoísta não é um local de
pregações, mas de orações e meditações. É a morada do kami.
Os sacerdotes são nomeados pela organização dos templos e seus deveres são acima de tudo,
rituais nas cerimônias diárias e nas grandes festividades.
Quatro são as cerimônias observadas na religião. São elas: a purificação, o sacrifício, a oração e
a refeição sagrada.

9ª PARTE: CONCLUSÃO
Esta aula procura mostrar o espírito da filosofia oriental cujo caráter é, sobretudo intuitivo em
oposição à filosofia ocidental de preferência intelectiva. Muitos orientais têm a tendência natural de se isolarem no eu central, em oposição aos ocidentais que se dispersam nas nulidades do ego periférico.
O homem ocidental está habituado a identificar a realidade com os fatos, ao passo que, para o
oriental, os fatos são simples reflexos fortuitos e secundários da realidade.
O ocidental considera o Universo pelo lado de fora, por manifestações externas, concretas,
palpáveis, visíveis, ao passo que o oriental, já nasce com a intuição interiorista, sentindo que esses
aspectos externos não são a realidade, senão apenas efeitos visíveis duma causa invisível por isso no
Oriente não existe ateus nem materialistas.
Para o oriental toda a chamada “santidade” é simples sabedoria.
O cultor de dogmas religiosos é um “crente” e o iniciado na verdade da filosofia é um sapiente. É
natural que o numero de crentes seja maior, no estágio atual da evolução humana, que os sapientes,
porque o crer é relativamente fácil, ao passo que o saber exige uma disciplina tão intensa e
perseverante que são poucos os que trilham o “caminho estreito” e a “porta apertada” que dá ingresso
ao Reino de Deus.
Alan Krambeck

10ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 4 – Cap.6 – Religiões Monoteístas (Judaísmo – Cristianismo – Islamismo)
Leitura:
O Livro das Religiões – Jostein Gaarder – Companhia de Bolso

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